Não tenho nunca mais, não tenho sempre,
Na areia a vitória deixou seus pés perdidos.
Sou um pobre homem disposto a amar seus semelhantes.
Não sei quem és. Te amo. Não dou, não vendo espinhos.
Alguém saberá talvez que não teci coroas
sangrentas, que combati o engano,
e que em verdade enchi a preamar de minha alma.
Eu paguei a vileza com pombas.
Eu não tenho jamais porque distinto
fui, sou, serei. E em nome
de meu mutante amor proclamo a pureza.
A morte é só pedra do esquecimento.
Te amo, beijo em tua boca a alegria.
Tragamos lenha. Faremos fogo na montanha.
(Pablo Neruda)
segunda-feira, 28 de junho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
Domingo, 27 de junho, 7 da manhã... Poética
Poética I
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Poética II
Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia.
E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitetura.
Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo:
(Um templo sem Deus.)
Mas é grande e clara
Pertence ao seu tempo
– Entrai, irmãos meus!
(Vinícius de Moraes)
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Poética II
Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia.
E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitetura.
Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo:
(Um templo sem Deus.)
Mas é grande e clara
Pertence ao seu tempo
– Entrai, irmãos meus!
(Vinícius de Moraes)
sexta-feira, 25 de junho de 2010
26 de junho... Jardim das Acácias
Nada vejo por essa cidade
Que não passe de um lugar comum
Mas o solo é de fertilidade
No jardim dos animais em jejum
Esperando alvorecer de novo
Esperando anoitecer pra ver
A clareza da oitava estrela
Esperando a madrugada vir
E eu não posso com a mão retê-la
E eu não passo de um rapaz comum
Como e corro, trafego na rua
Fui graveto no bico do anum
Vez em quando sou dragão da lua
Momentâneo alienígena
A formiga em viva carne crua
Perecendo e naufragando no mar!
A papoula da Terra do Fogo
Sanguessuga sedenta de calor
Desemboco o canto nesse jogo
Como a cobra se contorce de dor
Renegando a honra da família
Venerando todo ser criador
No avesso de um espelho claro
No chicote da barriga do boi
No mugido de uma vaca mansa
Foragido como Judas em paz
A pessoa que você mais ama
No planeta vendo o mundo girar
(Zé Ramalho)
Que não passe de um lugar comum
Mas o solo é de fertilidade
No jardim dos animais em jejum
Esperando alvorecer de novo
Esperando anoitecer pra ver
A clareza da oitava estrela
Esperando a madrugada vir
E eu não posso com a mão retê-la
E eu não passo de um rapaz comum
Como e corro, trafego na rua
Fui graveto no bico do anum
Vez em quando sou dragão da lua
Momentâneo alienígena
A formiga em viva carne crua
Perecendo e naufragando no mar!
A papoula da Terra do Fogo
Sanguessuga sedenta de calor
Desemboco o canto nesse jogo
Como a cobra se contorce de dor
Renegando a honra da família
Venerando todo ser criador
No avesso de um espelho claro
No chicote da barriga do boi
No mugido de uma vaca mansa
Foragido como Judas em paz
A pessoa que você mais ama
No planeta vendo o mundo girar
(Zé Ramalho)
quarta-feira, 23 de junho de 2010
24 de junho, madrugada... uma mulher me ama
Uma mulher me ama. Se eu me fosse
Talvez ela sentisse o desalento
Da árvore jovem que não ouve o vento
Inconstante e fiel, tardio e doce.
Na sua tarde em flor. Uma mulher
Me ama como a chama ama o silêncio
E o seu amor vitorioso vence
O desejo da morte que me quer.
Uma mulher me ama. Quando o escuro
Do crepúsculo mórbido e maduro
Me leva a face ao gênio dos espelhos
E eu, moço, busco em vão meus olhos velhos
Vindos de ver a morte em mim divina:
Uma mulher me ama e me ilumina.
(Vinícius de Moraes)
Talvez ela sentisse o desalento
Da árvore jovem que não ouve o vento
Inconstante e fiel, tardio e doce.
Na sua tarde em flor. Uma mulher
Me ama como a chama ama o silêncio
E o seu amor vitorioso vence
O desejo da morte que me quer.
Uma mulher me ama. Quando o escuro
Do crepúsculo mórbido e maduro
Me leva a face ao gênio dos espelhos
E eu, moço, busco em vão meus olhos velhos
Vindos de ver a morte em mim divina:
Uma mulher me ama e me ilumina.
(Vinícius de Moraes)
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Não te rendas
Não te rendas, ainda há tempo
Para voltar e começar de novo,
Aceitar as sombras,
Enterrar os medos,
Soltar o lastro,
Retomar o voo.
Não te rendas, pois a vida é
Continuar a viagem,
Perseguir os sonhos,
Destravar o tempo,
Percorrer os escombros
E desvelar o céu.
Não te rendas, por favor, não desistas,
Ainda que o frio queime,
O medo morda
E o sol se esconda,
Ainda que se cale o vento.
Ainda há lume na tua alma,
E vida nos teus sonhos.
Não te rendas
Porque a vida é tua e também o desejo
Porque o quiseste e porque te quero,
Porque existe o vinho e o amor, é claro.
Porque não há ferida que o tempo não cure.
Abrir as portas,
Livrá-las das trancas,
Abandonar as muralhas que te protegeram,
Viver a vida e aceitar o desafio,
Recuperar o riso,
Arriscar uma canção,
Baixar a guarda e estender as mãos,
Distender as asas
E tentar de novo
Celebrar a vida e retomar os céus.
Não te rendas, por favor, não desistas,
Ainda que o frio queime,
O medo morda
E o sol se esconda,
Ainda que se cale o vento.
Ainda há lume na tua alma,
E vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo começo
Porque essa é a hora e o melhor momento
Porque não estás só, porque eu te quero.
(Mario Benedetti)
Para voltar e começar de novo,
Aceitar as sombras,
Enterrar os medos,
Soltar o lastro,
Retomar o voo.
Não te rendas, pois a vida é
Continuar a viagem,
Perseguir os sonhos,
Destravar o tempo,
Percorrer os escombros
E desvelar o céu.
Não te rendas, por favor, não desistas,
Ainda que o frio queime,
O medo morda
E o sol se esconda,
Ainda que se cale o vento.
Ainda há lume na tua alma,
E vida nos teus sonhos.
Não te rendas
Porque a vida é tua e também o desejo
Porque o quiseste e porque te quero,
Porque existe o vinho e o amor, é claro.
Porque não há ferida que o tempo não cure.
Abrir as portas,
Livrá-las das trancas,
Abandonar as muralhas que te protegeram,
Viver a vida e aceitar o desafio,
Recuperar o riso,
Arriscar uma canção,
Baixar a guarda e estender as mãos,
Distender as asas
E tentar de novo
Celebrar a vida e retomar os céus.
Não te rendas, por favor, não desistas,
Ainda que o frio queime,
O medo morda
E o sol se esconda,
Ainda que se cale o vento.
Ainda há lume na tua alma,
E vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo começo
Porque essa é a hora e o melhor momento
Porque não estás só, porque eu te quero.
(Mario Benedetti)
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Sobre a coragem
Como, então, poderemos revolucionar uma ordem cujo mais genuíno principio é o constante auto-revolucionamento? Essa, talvez, seja a questão de hoje, e esse é o modo segundo o qual deveríamos repetir Mao, reinventando sua mensagem às centenas de milhões de pessoas que sofrem a opressão, uma simples e tocante mensagem de coragem: "Não é para temer o que é grande. O grande será derrubado pelo pequeno. O pequeno se tornará grande." (…)
"Não devemos ter medo." Não será essa a única atitude correta diante da guerra? "Primeiro, somos contra ela; segundo, não a tememos." Há definitivamente algo de aterrador nessa posição – no entanto, esse terror nada mais é senão a condição da liberdade.
(Slavoj Zizek)
ZIZEK, Slavoj. Mao Tsé-Tung, “Senhor do Desgoverno” marxista. in TSÉ-TUNG, Mao. Sobre a prática e a contradição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008, p. 38.
"Não devemos ter medo." Não será essa a única atitude correta diante da guerra? "Primeiro, somos contra ela; segundo, não a tememos." Há definitivamente algo de aterrador nessa posição – no entanto, esse terror nada mais é senão a condição da liberdade.
(Slavoj Zizek)
ZIZEK, Slavoj. Mao Tsé-Tung, “Senhor do Desgoverno” marxista. in TSÉ-TUNG, Mao. Sobre a prática e a contradição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008, p. 38.
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