sexta-feira, 16 de julho de 2010

17 de julho, duas da manhã ... A brusca poesia que me vem de madrugada

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Poema para uma singela cidadezinha esquecida ao sul do mapa

Uma cidade muito engraçada
Não tinha emprego, não tinha nada

Ninguém podia andar nela, não
Porque calçado não era o chão

Ninguém podia dormir na rede
Porque a rede se foi na enchente

Ninguém podia fazer pipi
Porque não havia esgoto ali

Ninguém podia fazer cocô
Porque a patente o vento levou

Ninguém podia comer churrasco
Porque o salário era um fiasco

Uma cidade muito engraçada:
Monte de casa à beira da estrada

Ninguém podia obter verba, não
Porque o prefeito era um ladrão

Ninguém podia juntar dinheiro
Porque o pastor pedia primeiro

Ninguém ouvia reclamação
Pois voz se dava só ao patrão

E ninguém podia se instruir
Porque a imprensa reinava ali

E assim, à tal cidade engraçada
Só lhe restava virar piada...

:(

(Demétrio Cherobini)

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