segunda-feira, 31 de maio de 2010

Amar é quebrar barreiras

Damos dinheiro para manter o sofrimento dos outros a uma distância segura que nos permite satisfazer a simpatia emocional sem colocar em perigo nosso isolamento seguro de sua realidade. Essa separação das vítimas é a verdade do discurso da vitimação: eu (o assediado) versus os outros (do Terceiro mundo ou os sem-teto de nossas cidades) com quem simpatizo à distância. Em contraste com essa bagagem ideológico-emocional, a autêntica obra de amor não reside em ajudar o outro como se jogássemos para ele migalhas de nossa riqueza através de uma barreira segura: é, em realidade, o trabalho de desmontar essa barreira, de atingir diretamente o sofrimento excluído do Outro.

ZIZEK, Slavoj. Às portas da revolução: escritos de Lenin de 1917. São Paulo: Boitempo, 2005, p. 222-3.

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