Acabo de assistir o filme O Curioso Caso de Benjamin Button, a história de um menino que nasce num corpo velho que vai, pouco a pouco, remoçando. Já na infância, Benjamin, garoto com aparência de vovô, conhece Daisy, menina por quem se apaixona, mas que só realizará seus desejos de amor muito mais tarde, quando o tempo se encarregar de dar a Button a beleza e o vigor da mocidade.
Quando isso acontece, os dois vivem um dilema. Ela, maravilhosamente bela e sensual, começa a perceber na pele os traços do destino incontornável da velhice que se aproxima. Ele, cada vez mais jovem, passa a sofrer a vertigem do abismo que se abre entre o seu desejo de permanência e a realidade desejada que se distancia.
Carcome-os o tempo, inimigo oculto, que a tudo corrói com sua implacável ânsia de aniquilamento. A ambos resta apenas o fogo mesmo da sua paixão, do seu afeto, fonte de encanto que colore as horas, dulcifica os dias, e que na brevidade da duração de um contato amoroso coloca em suspenso o movimento dos ponteiros do relógio, redimindo os amantes plenamente.
Então esse amor, fruto do encontro entre duas histórias pessoais cujo sentido inverso as dirige às angústias da separação, subverte astuciosamente sua sina e encontra enfim os meios de perpetuar-se em vida: Daisy dá à luz uma menina, Caroline.
Eis aí uma bela imagem, penso. Por que amamos? Para vencermos as contradições do tempo.
domingo, 20 de setembro de 2009
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"serás eternamente jovem meu amigo/constantemente renovado/a cada nova leitura de teu texto/cada novo contato com a beleza de tua palavra..."
ResponderExcluir"escrevemos para Matar o tempo.."
Ai o TEMPO tão implacável com as paíxões!
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